A palavra seca
o branco papel
aninham segredos
apesar do dicionário.
Saramar

Música

Acordei em meio ao dia
com uma música diferente.
Era você, amor que me dizia
vem, vamos amar mais que
sonha toda essa gente.

Bem-me-quer, mal-me-quer
e o cinza da indiferença
entre o colorido das pétalas.

Sem saída

Ou amo
ou me mato
ou morro
de medo
ou aceito
esse fato
ou mato
a sede
ou amo
sem limite
ou tato.

Falso brilhante

Levanto meus olhos
ainda tomados desse encanto.

Falso brilhante,
ácido em lâminas
fingindo pétalas.

Levanto meus olhos
e a luz me cega.

A ponta aguda dessa dor
me terá cegado infinitas vezes.

Ainda assim,
levanto meus olhos.

Luz

Entre folhagens,
a névoa da manhã
e um pio amarelo.

Quebra-cabeça

De pergunta
em pergunta,
a montagem
da vida.

Fim

E agora?
O que faço dessas caixas
abarrotadas de amor?
O que faço dos meus olhos
sem mares de mirar?
Ensina, por favor,
aos esquecidos,
como desamar.

Palavras?

Tanto amor guardado
pronto para nascer
e eu sem palavras
para o descrever.
Tanta dor em guarda
pronta para doer
e eu sem palavra
para a conter.

Em pedaços

Esqueci o verso
e trouxe a faca
deixei o corpo sob
a escada
ninguém sobe
imune ao sangue
que escorre.

Não me venha
falar da sujeira
que espalhei
porque ninguém
se importa
com quem morre.